O Tribunal Administrativo de Loulé travou temporariamente a destruição das Alagoas Brancas, em Lagoa (Algarve), graças em parte a um estudo com coordenação científica da SPEA. O estudo, que documentou o valor desta zona húmida para a biodiversidade da região, serviu de base à providência cautelar interposta pela Almargem – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve e pela Associação Cívica Cidade da Participação, com o propósito de parar a proposta obra de urbanização e construção de uma zona comercial.

 

O Tribunal Administrativo de Loulé ordenou agora que o Município de Lagoa remeta o estudo para a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve), que deverá fazer uma avaliação prévia dos potenciais impactos do projeto num prazo de 20 dias úteis.

 

Uma das últimas zonas húmidas de água doce do Algarve, a zona das Alagoas Brancas, localizada dentro da área urbana da cidade de Lagoa, é tudo o que resta de uma antiga zona húmida mais vasta, que deu o nome à cidade. Apesar de pequena, esta zona alberga uma grande riqueza de vida selvagem, incluindo espécies protegidas a nível nacional e europeu. Segundo o estudo, aqui ocorre 1% da população reprodutora de camão (ou caimão) do nosso país, bem como 1% da população de íbis-preta da região do Mediterrâneo, Mar Negro e África Ocidental. As Alagoas Brancas são também importantes para proteção da própria zona urbana envolvente: esta zona húmida serve de reservatório para a água das chuvas, reduzindo o risco de inundação. Destruir esta defesa numa zona que a própria Câmara Municipal de Lagoa classificou como “zona ameaçada pelas cheias” será não só um atentado ao património natural mas também um risco para a cidade e os seus habitantes.

 

Mais informação

Participação da SPEA na consulta pública sobre o projeto

Estudo de valorização das Alagoas Brancas