Nome Científico

Também conhecida como Papinho na Madeira

Estatuto de Conservação Pouco preocupante

Tamanho Comprimento: 14cm
Envergadura de asas: 20-22cm
Peso: 14-21g

Alimentação Insetos, azeitonas e bagas

Onde e quando observar No Inverno, por todo o país.
Na Primavera/Verão, é abundante a norte do Tejo, nos Açores e na Madeira.

Aves semelhantes Rouxinol-comum

No inverno, o pisco-de-peito-ruivo é das aves mais comuns de Portugal. Tanto machos como fêmeas têm o característico babete vermelho-alaranjado, que adquirem aos 2 a 3 meses de idade. Em Portugal são mais esquivos do que no Reino Unido, possivelmente como resultado de anos de caça.

 

Som

 

Comportamento

 

O peito vermelho-alaranjado que dá o nome ao pisco-de-peito-ruivo torna-o fácil de avistar. Não só para as pessoas, mas também para outros piscos-de-peito-ruivo. Quando vê um peito avermelhado, esta ave salta em defesa do seu território. Começa então um duelo, com as aves a subir a galhos cada vez mais altos, cada uma a tentar pôr-se sobranceira à outra para exibir o seu peito garrido. Muitas vezes, o duelo fica por aqui, mas nalgumas ocasiões passa da exibição ao confronto direto. As aves engalfinham-se numa luta que até levanta pó. Estes confrontos não se restringem apenas aos machos: também as fêmeas têm a plumagem ruiva e defendem os seus territórios, que ambos os sexos proclamam também através do canto.  Ao contrário de outras aves, os piscos-de-peito-ruivo fazem-no todo o ano. No outono e inverno, é cada um por si: machos e fêmeas defendem territórios separados. No fim do inverno, formam um casal que durará apenas aquela época de reprodução, mas que durante esse tempo vai fazer muito.

 

Reprodução

 

Dentro do território alargado que defendem juntos, a fêmea procura um local junto ao solo onde fazer o ninho: uma cavidade entre as raízes de uma árvore, ou um poiso por entre os ramos mais baixos de um arbusto, por exemplo. No Reino Unido, onde os piscos-de-peito-ruivo são mais afoitos às pessoas, são famosos por fazer o ninho em locais insólitos: arrecadações, chaleiras, botas, cestos, bolsos de casaco, debaixo do capot dos carros, em máquinas agrícolas… até em barcos que são usados todos os dias! O principal requisito parece ser que a entrada para o ninho esteja escondida. Os piscos-de-peito-ruivo são, aliás, muito sensíveis à perturbação nesta fase de construção do ninho e postura dos ovos. Se sentirem que o ninho foi descoberto, abandonam-no. Mas se o seu segredo se mantiver a salvo, depois de fazer uma “taça” de folhas e musgo e a forrar com pêlo, a fêmea põe um ovo por dia, geralmente de manhã cedo, durante quatro a seis dias. Durante este tempo, o macho alimenta-a frequentemente, chegando a fornecer um terço da comida que ela ingere.

 

A fêmea incuba os ovos durante cerca de 13 dias, após os quais as crias nascem indefesas, sem penas e de olhos fechados. Após uma semana ao cuidado dos pais, têm os olhos completamente abertos, e por volta dos 10 dias de vida o seu corpo está praticamente coberto de penas. Como as penas de voo são as últimas a desenvolver-se, quando as crias abandonam o ninho, por volta dos 14 dias de vida, ainda não voam. Se vir uma destas crias, não se preocupe: não foi abandonada. Continua a ter quem cuide dela durante 3 semanas, até estar pronta a fazer-se à vida sozinha. Em muitos casos, a mãe deixa esta tarefa ao pai, e vai preparar a próxima postura. Os piscos-de-peito-ruivo chegam a ter 3 ou 4 ninhadas por ano, pelo que se vêem crias desta espécie até ao fim de julho.

 

Por essa altura, já as primeiras crias do ano estão a “vestir” o emblemático babete ruivo, que adquirem na primeira muda de penas, aos dois ou três meses de idade. Estão prontas para defender os seus próprios territórios, e para encher os olhos a quem observa estas aves carismáticas.

 

 

 

Ameaças

 

Num mundo ideal, a história acabaria aqui, com o ciclo a recomeçar. Mas em Portugal, o desfecho é muitas vezes outro. No nosso país, esta ave é frequentemente morta em armadilhas ilegais, para ser comida ou vendida como petisco. Esta ameaça afeta não só os piscos-de-peito-ruivo que vivem em Portugal todo o ano, mas também os que, vindos do norte da Europa, aqui se refugiam no inverno. O efeito de décadas destas práticas poderá ser visível no comportamento das aves: os piscos-de-peito-ruivo são muito mais esquivos na Europa continental do que no Reino Unido, onde não são caçados. A SPEA está a trabalhar com entidades nacionais e com a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO), para melhorar a eficácia do combate a estes crimes em projetos como o recém-anunciado Life Nature Guardians.

 

Como ajudar

Se encontrar armadilhas ou outros engenhos ilegais, por favor contacte o Serviço de Proteção de Natureza e Ambiente (SEPNA), da GNR.

 

Como incentivar piscos-de-peito-ruivo a visitá-lo

  • Esconda uma caixa-ninho numa trepadeira ou outra vegetação cerrada
  • Ponha no seu comedouro para aves: tenébrios, restos de carne, gordura, queijo, migalhas de bolo ou bolacha, frutos secos ou pequenos pedaços de amendoim