Aplaudimos a proibição temporária da caça à rola-brava (ou rola-comum), anunciada a semana passada pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática como medida de proteção da espécie. A portaria proíbe a caça à rola na época venatória 2021-2022, numa tentativa de permitir a recuperação desta espécie cujas populações na Europa sofreram um declínio de 80% nos últimos 40 anos, e que apresenta também em Portugal evidências de forte declínio desde o início dos anos 90.

 

Esta suspensão da caça à rola surge na sequência de vários anos de trabalho e discussão conjunta entre organizações de ambiente, autoridades e organizações de caçadores, tanto em Portugal como a nível internacional.

 

Espanha e França suspenderam também a caça à rola nesta época venatória, na sequência dos trabalhos do Plano Europeu de recuperação da espécie. Num processo participado por organismos dos Estado Membros, organizações de ambiente e organizações de caçadores, este grupo de trabalho concluiu em março deste ano que o nível das populações de rola-brava na Europa Ocidental é tão baixo que qualquer exploração cinegética é insustentável.

 

Muitos caçadores são favoráveis à suspensão temporária da caça à rola-brava e entendem a sua necessidade. Em Portugal, já em 2019 assinámos, juntamente com os nossos parceiros da Coligação C6 pelo Ambiente e Natureza, um memorando de entendimento com as entidades representativas do setor da caça (ANPC, CNCP, FENCAÇA) e os institutos públicos relevantes (ICNF e INIAV), que levou a uma redução progressiva dos períodos de caça a esta espécie. Contudo, e como temos vindo a alertar há vários anos, a situação da espécie é já tão grave que se tornou imprescindível suspender a caça à rola-brava.

 

Esta suspensão da caça poderá permitir uma recuperação mais rápida das populações da espécie e possibilitar uma retoma mais rápida da sua exploração cinegética em Portugal. Para tal será fundamental que se implementem também medidas eficazes de restauro e gestão do seu habitat e uma rigorosa monitorização da espécie e das ameaças, tanto em Portugal como a nível internacional.

 

Mais informação